terça-feira, 17 de maio de 2011

Estadão - Unifesp Simplifica teste de déficit de atenção

Eatadão - Unifesp Simplifica teste de déficit de atenção


Novo método apresenta roteiro mais simples para leitura dos resultados
Terça, 21 de Setembro de 2010, 09h32
Fábio Mazzitelli
Pesquisadores do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo finalizaram pesquisa que propõe um método simplificado de diagnóstico clínico do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que ajudaria o trabalho clínico de psicólogos, médicos e demais profissionais que lidam com o transtorno.

De acordo com o psicólogo Thiago Strahler Rivero, integrante da equipe que desenvolveu o trabalho, o novo método consiste de um roteiro mais simples para a leitura dos resultados dos testes de desempenho contínuo, usados para o diagnóstico.


A pesquisa concluiu que é possível resumir os 15 resultados apresentados por avaliação em 5 itens. “A gente não está propondo mudar o teste, mas a forma de corrigi-lo e avaliá-lo para diminuir a subjetividade”, afirma o pesquisador.

A busca por mais precisão no diagnóstico do TDAH é um dos principais desafios para o tratamento adequado da disfunção, que hoje acomete mais de 5% das crianças e dos adolescentes no mundo, estimam os pesquisadores. “Hoje, a subjetividade do avaliador é grande. Se o mesmo caso passar por dez psicólogos, cada um vai dizer uma coisa”, diz Rivero.]

SnifBrasil

Divulgação da DPM editora via SnifBrasil

PESQUISA UNIFESP APONTA COMO APRIMORAR MÉTODO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PARA TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

O Centro Paulista de Neuropsicologia, do Departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), desenvolve estudos e tratamentos para adolescentes com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e acaba de publicar uma pesquisa que identificou os três fatores que mais caracterizam o perfil de desempenho dos adolescentes brasileiros com o distúrbio: prejuízo nas atenções focada e sustentada e na vigilância. A definição do perfil por meio de um novo modelo de padronização passa a ser uma ferramenta de apoio para o diagnóstico mais preciso e fidedigno. Com os resultados somados à avaliação clínica, o profissional pode buscar tratamentos que visem diminuir os sintomas da disfunção.
O TDAH é um transtorno neurobiológico que acomete mais de 5% das crianças e adolescentes do mundo, mas embora surja na infância, pode acompanhar o indivíduo na fase adulta. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. No entanto, é comum a associação com diversos acometimentos mentais e de desenvolvimento como o Transtorno de Aprendizagem, dificultando a diferenciação entre crianças que não apresentam a disfunção e são tratadas e outras com TDAH que não são diagnosticadas. Falta de informação sobre a disfunção e falhas de diagnóstico são os temas mais recorrentes a respeito do transtorno.
Segundo os pesquisadores, o tratamento com remédios não é a única opção para o controle do TDAH. “É possível o uso de treinos mentais (cognitivos) para melhora de desempenho da atenção, como uma proposta de reabilitação e não como uma proposta de cura, pois o TDAH não é visto como uma doença para ser curada”, explica o pesquisador Thiago Strahler Rivero. Sendo assim, ao conhecer melhor as características do perfil dos adolescentes brasileiros, é possível estabelecer um tratamento mais direcionado e que promova as melhores respostas. “O treino de atenção é individual. A partir de nossos estudos, desenvolvemos materiais de apoio para o grupo clínico como jogos de treinamento ou manuais de terapia”, completa Mônica Miranda, coordenadora do núcleo de avaliação de neuropsicologia interdisciplinar do Centro Paulista de Neuropsicologia, parceiro da Unifesp no atendimento aos pacientes.
Após estudo com 490 adolescentes sem histórico de distúrbios, foram identificados e selecionados 28 indivíduos com TDAH e 28 sadios, de 12 a 18 anos, para participar da pesquisa que avaliou o desempenho dos dois grupos por meio de um teste de performance (teste de desempenho contínuo do Conners).
A partir do questionário, que aponta 15 medidas de avaliação, foi feita uma análise estatística fatorial que permitiu identificar os três fatores mais prejudicados entre os adolescentes com TDAH.
Orlando Francisco Amodeo Bueno, chefe da disciplina de Memória do departamento de Psicobiologia da UNIFESP, explica que a atenção focada está associada à capacidade do indivíduo de concentrar-se em uma atividade; a atenção sustentada é a habilidade de manter-se na mesma atividade por um longo período e a vigilância é a aptidão que cada um tem de responder a algo não previsível. No teste, 360 letras surgiam na tela do computador em intervalos de 1, 2 ou 4 segundos, divididos em seis blocos. Para cada letra, o participante deveria reagir teclando caracteres pré-determinados.
Os resultados da pesquisa serão utilizados para dar suporte a outros estudos e aos tratamentos oferecidos pelo Centro Paulista de Neuropsicologia. Além de terapias, treinos e atividades, o Centro oferece aos pais dos participantes acompanhamento para que eles respondam de forma adequada às situações vivenciadas.

Vagas para voluntários em pesquisa para tratamento
Estão abertas inscrições para adolescentes já diagnosticados que possam fazer parte dos grupos de terapia associada a diferentes tipos de treinos. Durante 20 semanas, quatro grupos de cinco pessoas participam de atividades variadas. O projeto, coordenado por Mônica Miranda, mantém parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde também estão abertas as inscrições para adolescentes. Os resultados dos dois estados serão agrupados, tendo como objetivo apontar os impactos dos tratamentos propostos sobre participantes de diferentes realidades.
Inscrições para projeto de tratamento em São Paulo: Centro Paulista de Neuropsicologia da Unifesp - Rua Embaú, 54 - Telefone: 11 5549-6899/8476

Entrevista para o Grupo Taeq

Entrevista para o Grupo Taeq



Cérebro sempre ativo

Assim como qualquer órgão do corpo humano, o cérebro precisa de exercícios para manter-se ativo e saudável. Especialistas de diversas áreas comprovam que atividades físicas contribuem para o desempenho intelectual, psicológico e também para as funções cognitivas, como percepção, atenção e memória, dentre muitas outras.
Outro tipo de exercício vem chamando a atenção de pessoas que querem manter o cérebro saudável: a chamada neuróbica, conceito relativamente recente até mesmo entre os estudiosos.

Por meio da mudança de comportamentos rotineiros, como escrever com a mão que não está habituado, vestir-se de olhos fechados ou fazer combinações gastronômicas inusitadas, a proposta da neuróbica é estimular o aprendizado para a formação de novos caminhos neurais.
No entanto, o neuropsicólogo da Unifesp Thiago Strahler Rivero ressalta que o grande equívoco está na generalização desse aprendizado. “Não devemos utilizar a neuróbica como propaganda de cérebro afiado”.

De acordo com o pesquisador, o ideal é ter o cérebro aguçado para tarefas relevantes de cada indivíduo. “Se o problema é memória, vamos treinar a memória; se é déficit de atenção, vamos criar treinos específicos para isso, sempre respeitando o perfil de cada um.”
Thiago explica que para manter o cérebro ativo é necessário muito mais que simplesmente a prática constante de exercícios, sejam físicos, de lógica ou memória. “É preciso ter uma contínua atitude de bem estar, atentando para os aspectos físico, emocional e mental”.


O neurologista da Unifesp Cicero Galli Coimbra concorda e cita três principais fatores para a manutenção de um cérebro saudável. “É preciso ter equilíbrio emocional, procurar desenvolver novas habilidades e alimentar-se adequadamente”.

De acordo com Cicero, pessoas que vivem sob estresse, medo ou em estados depressivos por muito tempo acabam bloqueando a produção de novos neurônios. “Sofrimento prolongado envelhece o cérebro”, garante o especialista.Outro fator fundamental para quem deseja expandir a capacidade mental é o desenvolvimento de novas habilidades, como aprender um novo idioma, um instrumento musical ou atividades criativas que também contribuam para a capacidade de socialização, comunicação e explorem potencialidades e limitações.

E o terceiro fator, não menos importante, é o cuidado com a escolha dos alimentos. “Uma alimentação saudável, rica em omega-3, encontrado em peixes como sardinha, atum e salmão, e pobre em substâncias neurotóxicas, provenientes especialmente do preparo de carnes e aves, contribuem para a manutenção de um cérebro ativo”.
O neurologista também reforça a importância da exposição ao sol no período matinal, fundamental para a síntese de vitamina D, que além de essencial para a formação dos ossos e dentes, contem substâncias que fortalecem a rede neural, dilatando a capacidade de raciocínio e memória do indivíduo.


*Thiago Strahler Rivero – neuropsicologo e pesquisador colaborador do grupo de memória do departamento de psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). www.unifesp.br/dpsicobio

*Cicero Galli Coimbra é professor associado e livre-docente do departamento de neurologia e neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). WWW.unifesp.br/dneuro